sexta-feira, 17 de julho de 2009

Artigo de Severino Vicente - Presidente da CNF

Publicado em 16 de julho de 2009 em "O Jornal de Hoje". Natal/RN.

A Cultura Brasileira: uma realidade plural


Do século XIX em diante passamos a vivenciar notáveis avanços com a valorização de idéias e novas conceituações das coisas do Brasil. Essa preocupação, esse novo momento, pode ser considerada como fase de inspiração no campo da pesquisa para um domínio do conhecimento, elucidando problemas e questões inerentes à cultura Brasileira.

Começam a surgir trabalhos de natureza política, sociológica, econômica, antropológica, literária e científica. É o período dos viajantes estrangeiros e dos mais importantes nomes que consolidaram o mundo cultural dos brasileiros.

Nas duas últimas décadas do século passado fomos atacados por novos padrões e paradigmas, cujos efeitos e reflexos talvez nenhuma sociedade no planeta haja escapado. Mesmo as que por questões ideológicas ou culturais resistam em se opor à nova ordem, com todas suas práticas. Um poderoso fenômeno que chamam de globalização, mais que uma experiência, uma condição de vida, inexorável e irreversível pelas nações em todo planeta.

A inserção do Brasil nesse cenário é uma realidade já que integramos o segmento dos países emergentes. Em função dessa ordem de coisas precisamos aprofundar nossas pesquisas e estudos para sabermos fazer a diferença e não ficarmos rendidos no altar da globalização. Essa é a questão: conhecer ou não conhecer a real cultura brasileira.

Folclore, cultura popular, cultura erudita e identidade cultural estão na mesma condição. Notadamente, num mundo em que a cultura de massa domina todo o cenário, pois, esta, absorve aquela realidade plural e apóia-se num corpo de símbolos, mitos e imagens bastante identificados com a vida prática das massas urbanas, de forma cosmopolita e planetária, atuando em contextos pluriculturais.

A cultura de massa produz um universo muito vasto, que abrange todos os setores da moda, incluindo o lazer, esportes, cinema, arte, música, a imprensa escrita e falada, a literatura, enfim, tudo o que diz respeito à contemporaneidade.

E a cultura popular? Elemento essencial para compreender o povo e suas vivências religiosas ou profanas, tradicional e inovadora ao mesmo tempo, sem perder a essência e a fidelidade às suas raízes, é o grande laboratório nos dias atuais, com suas festas tradicionais transformadas em mega espetáculos, mormente para atrair turistas

Impossível fugir essa dura realidade, porque a regra é geral: têm que se vender de tudo, desde ideologias, visões de mundo e idéias até desejos e emoções.

Muitos são os exemplos, inclusive no Rio Grande do Norte, mas, vou dar como testemunho o “Maior São João do Mundo” na cidade de Campina Grande. Uma festa que acontece durante todo mês de junho. Uma repartição de tempo ditada e negociada. Discurso construtivo que combinam imagens, símbolos, ícones globais e locais.

Naquele espaço global, as matrizes da cultura popular nordestina são submetidas às estratégias de reconvenção comunicativa, econômica e simbólica para atender a um mercado massificado.

Ao entramos vemos logo uma fogueira que muda de cor, controlada por computadores. É o maior São João do mundo e, se fizermos uma boa leitura intelectual, concluímos que em toda aquela engrenagem existe um sentido de pertencer a algum lugar, algum mundo. O mundo dos nordestinos.


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