Quando pensamos o folclore e seu vasto universo, nossos olhares se direcionam para os mestres e seus ricos saberes. Uma vivência do cotidiano mergulhado nas culturas nascidas e geradas pela família, amigos, em qualquer contexto social, onde as relações mais íntimas, contínuas e afetivas, se tornam o primeiro passo para a compreensão do povo em sua dinâmica vivencial, de forma criativa, lúdica e mágica, capaz de alimentar esperanças, expectativas e de unir suas raízes de forma intra-social, mas com a obrigação de respeitar e preservar. Nada é tão emocionante quanto ouvir as lembranças dos velhos brincantes que guardam em suas memórias um conhecimento milenar, repassado de geração a geração sem perder a essência, beleza e magia.
Essa força espiritual, fazendo os velhos mestres viverem alegremente mesmo sem possuírem o conforto ou os recursos necessários a uma vida digna, é a mesma que faz com que jovens respeitem as experiências de vida e, incitados pelo vigor da juventude, tracem e vivenciem esses repertórios, cujos mostruários expostos nos dá a mais completa visão dos rastros conservados pelo povo, respaldados na tradicionalidade, oralidade, perpetuidade sob um novo olhar, uma nova dinâmica cultural, como fazem as pastorinhas do pastoril de São Gonçalo e seu genial palhaço Alex, um verdadeiro maestro quando entra em cena.
Contudo, nada disto terá vida longa se não houver sensibilidade da sociedade, dos gestores públicos e privados quanto à preservação dessas manifestações da cultura popular.
O pastoril de São Gonçalo do Amarante tem uma tradição centenária, motivo de orgulho para seus habitantes quando é citado como possuidor de uma autenticidade ímpar que engrandece o folclore potiguar e brasileiro. Eis a razão dos nossos olhares se voltarem para o “Pastoril D. Joaquina”. Pois, o referido grupo tem desenvolvido um trabalho de releitura estética dos mais perfeitos dentre os existentes neste país, contribuindo para uma nova forma de estudar e ver o folclore numa sociedade em constantes e rápidas mudanças. A Comissão Norte-Rio-Grandense de Folclore, não só apóia como proclama esse importantíssimo trabalho realizado numa terra de santos e mártires.
Eis as razões do convite ao “Pastoril D. Joaquina”, formulado pelos organizadores do mais importante festival de folclore e cultura popular do Brasil, que já está em sua 45ª edição, na cidade de Olímpia/SP, a ser realizado de
No Festival já mencionado também recebi convite para ministrar palestra sobre o tema: “O Pastoril do Rio Grande do Norte: sua evolução e dinâmica”. Baseado no trabalho que vem sendo realizado por esse grupo de jovens brincantes. Demonstraremos os vários momentos dessa recriação e evolução na vivência da tradição popular de São Gonçalo do Amarante.