terça-feira, 1 de setembro de 2009

Festival de Folclore de Olímpia

Eis aqui o resultado dos Seminários discutidos nesta cidade.

Seminário apresenta as experiências dos núcleos da Comissão Paulista de Folclore


A massificação da mídia na cultura tradicional, a prática do folclore na educação, as manifestações folclóricas existentes no município e as experiências dos núcleos Vale do Rio Grande e Pé de Serra, da Comissão Paulista de Folclore, encerram, na quarta-feira, 12, o ciclo de debates do Seminário de Folclore, realizado no Pavilhão Cultural do recinto da Praça das Atividades Folclóricas Professor José Sant’anna, inserido na programação do 45º Festival Nacional de Folclore de Olímpia (SP).


A coordenadora do Núcleo Pé de Serra, da região do município de (SP), Lilian Vogel mostrou as ações do núcleo materializadas no Encontro de Verônicas, Revelando São Paulo Entre Serras e Águas, Encontro de Congadas e o Fórum do Arco da Velha entre outras atividades. Demonstrou a necessidade do envolvimento do poder público com as iniciativas relacionadas à cultura tradicional e seu trabalho com as cinco congadas existentes em sua localidade. E a professora Neide Rodrigues Gomes, também coordenadora do núcleo e vice-presidente da Comissão Paulista de Folclore, explicou a importância da Comissão Nacional de Folclore e o pioneirismo da Paulista em criar os núcleos regionais permitindo a descentralização das ações para todo o Estado de São Paulo. Lembrou ainda as iniciativas Núcleo Pé de Serra que permitiram a reestruturação da festa do Divino Espírito Santo na região de Joanópolis (SP).


O trabalho Núcleo de Ação Cultural Vale do Rio Grande na região de Olímpia, coordenado por Rosiane Nunes e Antonio Scarpinetti,deu a dinâmica à primeira parte dos debates da manhã, reafirmando a importância de conhecer, respeitar, preservar e manter os saberes da cultura tradicional existentes na região do Vale do Rio Grande. Foram apresentado vídeos e o censo cultural “Manifestações Culturais de Olímpia: o anônimo se faz público”, realizado pelo Núcleo de Ação Cultural Vale do Rio Grande, em 2007, demonstrando um mapeamento dos grupos locais. O censo foi apresentado no 13º Congresso Brasileiro de Folclore, em Fortaleza (CE),em 2007, no 5º Seminário de Memória na Universidade Estadual de Campinas (SP) – Unicamp, em 2007, no 5º Seminário da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, dentro 4º Encontro Mestres do Mundo, em Juzeiro do Norte (CE), em 2008 e no 3º Encontro Anual do Núcleo de Estudos em História Oral – Neho/USP, 2008.


Também participaram os líderes de companhias de reis Valdevino Ambrósio, Pedro de Daco e o folião e congadeiro Everton D`Ávila, membros de honra do núcleo e titulados em janeiro de 2009 pela Comissão Paulista de Folclore, em evento realizado na Câmara Municipal, junto com mais de 100 pessoas que atuam com saberes tradicionais na região de Olímpia.


O trabalho do núcleo, apresentado aos professores da rede pública presentes no seminário, mostrou que centenas de pessoas estão envolvidas na cidade com as atividades do folclore durante o ano todo e não só na semana do festival. E a principal constatação foi a grande participação de crianças e jovens nos grupos folclóricos autênticos. Sem considerar os de projeção folclórica ou parafolclóricos, onde a juventude é entusiasta e predominante, além dos novos grupos surgidos nos dois últimos anos.


Nos grupos tradicionais os lideres, pais e familiares de foliões são os responsáveis por estimular a participação de seus filhos, netos e sobrinhos e assim, pela oralidade, transmitir os saberes de várias gerações. São os pequenos foliões, congadeiros e moçambiqueiros, que atraem a atenção de fotógrafos e cinegrafistas e do público, a frente das apresentações dessas manifestações. São a garantia da preservação dessas tradições. Muitos dos que hoje compõem os grupos em bairros mais periféricos, como a Vila São José, Cisoto e Jardim Santa Ifigênia, eram crianças quando essa preocupação já se manifestava nas origens do festival.

O professor Sant’anna, idealizador do festival, há muito estimulava a participação dos filhos dos foliões, como lembrou o professor, compositor e cantor, Vadão Marques. Mas as escolas, segundo ele explicou, cumprem também esse papel de conscientização em suas ações, promovendo atividades relacionadas às vivências do folclore nas escolas. Disse ainda que mesmo que os alunos da rede municipal não tenham participado da abertura do festival, foi intenso o envolvimento deles na confecção dos enfeites de flores, fitas e máscaras de folias de reis, os elementos simbólicos alusivos à temática do 45º Fefol que ornamentam o recinto das atividades folclóricas.

Disseram também que os líderes de grupos já visitaram as escolas, onde relataram suas experiências e vivências das manifestações tradicionais. Essas ações são uma das maneiras de valorizá-los e proporcionar atenção e o respeito de que são merecedores. Não só como cidadãos, mas como portadores de uma cultura imaterial de saberes de muitas gerações, representativas da nossa identidade cultural.

Na Escola Estadual Capitão Narciso Bertolino as professoras relataram que incentivam a participação dos alunos com montagens de congadas mirins e outras atividades ligadas à tradição. Conforme relatos dos professores, a educação colabora com a conscientização das crianças e jovens com a temática do folclore. Marileusa do Carmo, da Emei Thiago Felício de Sant’anna, no bairro Campo Belo, em Olímpia, explicou que essas atividades estão no eixo disciplinar da grade curricular e acontecem o ano inteiro. Entre os alunos estão também os filhos de mestres e foliões, onde se trabalha essa realidade, a alfabetização e a conscientização para o folclore. “Trabalhamos com a educação infantil e fazemos a reelaboração de brinquedos tradicionais e promovemos pesquisas deles com os pais. O que eles brincavam. Alfabetizar pelas advinhas, com cantigas de rodas”, disse a professora.

A catira feminina de Babaçu, desativada há alguns poucos anos, tem merecido a atenção das professoras do distrito e está entre os exemplos de como é possível fazer folclore em sala de aula. Iracema Ducatti Basseddo, diretora, e Hilda Rocha Pinheiro, da Escola Washington Junqueira Franco, recriam com suas alunas o tradicional folguedo, com a ajuda do violeiro e produtor de rodeios, José Aparecido Theodoro, conhecido por Zezão. Ele aprendeu a tocar e dançar a catira com seus pais e tios, desde a infância e repassou esses conhecimentos às filhas e sobrinhas da família. A sua catira que se apresentava em festas e rodeios era formada por um grupo de quatorze jovens e adolescentes, entre quais sua filha. Porém com o casamento de algumas meninas a dança foi extinta. As professoras acreditam que agora e como apoio de Zezão a catira volte a representar o distrito nas próximas edições do festival de folclore.


A participação do poder público apoiando essas manifestações é também fator preponderante na manutenção e continuidade dessas celebrações. A professora Cidinha Manzolli, coordenadora do festival, lembrou que a Escola Estadual Anita Costa, de Olímpia, já realizava o “revivendo São Paulo”, de representações da culinária tradicional e danças típicas de vários estados. Exemplo de como aproveitar os recursos disponíveis em favor da manifestação folclórica e do resgate da cultura dos estados brasileiros. “O professor é um formador de opinião. Temos de fazer nossa parte”, disse a professora.


Fonte: Núcleo de Ação Cultural Vale do Rio Grande, da Comissão Paulista de Folclore.

RETIRADO DE: folcloreolimpia.com.br/?pagina=noticias/id185

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